Há vida sustentável em Lisboa

No âmbito deste projeto de educação ambiental, a associação tenta que as escolas estabeleçam uma relação com a comunidade local, tendo as sementes como pretexto. Ao ensinar as crianças a importância da premissa de “circularidade de sementes”, vão sendo abordados temas mais transversais como “agro-sistemas, alterações climáticas, pensamento sistémico, entre outros”, conforme explica Joana Peres, membro da associação. “A conservação e propagação de sementes é uma prática milenar de soberania alimentar e um direito fundamental de agricultores e comunidades, que se tem vindo a perder, predominantemente em países desenvolvidos, mas que é fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas”, explica a responsável.

Os alunos da Escola Josefa de Óbidos - uma das cinco que acolheram o projeto - vão percebendo isso mesmo, à medida que António Alexandre lhes entrega pequenos copos biodegradáveis com sementes, durante a aula da manhã. As crianças mergulham os dedos na terra e questionam como a vão regar, enquanto vão repetindo as preocupações que já conhecem. “As pessoas pensam que isto é apenas sobre plantas, mas na verdade é sobre comunidade”, explica o formador enquanto conduz os petizes à horta exterior onde as plantas vão depois ser colocadas. A ideia de unir comunidades, escolas e sementes surgiu de um misto entre “a notória falta de consciência para o tema, a sentida necessidade de fazer algo e de chegar aos grandes interlocutores de mudança”, que é como quem diz, as novas gerações. “Desta vontade, criou-se tudo o resto”, diz Joana Peres. Apesar do sucesso e do reconhecimento que tem conquistado - foi selecionado pela Comissão Europeia como projeto inovador em educação ambiental -, a responsável diz que “ainda está tudo no início”, já que há mais jovens com quem pretendem trabalhar. Acima de tudo, querem impulsionar a consciencialização, sublinhando o papel das pessoas. “As nossas sementes não querem ser guardadas, querem ser multiplicadas, preferencialmente todos os anos”, asseguram.

 

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